Liderado pelo professor Ulysses Paulino de Albuquerque, artigo aborda a importância da internet e a análise culturômica como ferramentas de compreensão do comportamento humano em escala global
Por Petra Pastl*
Artigo científico publicado por grupo de pesquisadores liderado pelo professor Ulysses Paulino de Albuquerque, do Laboratório de Ecologia e Evolução de Sistemas Socioecológicos (LEA) do Departamento de Botânica, Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destaca a importância da internet e da análise culturômica como ferramentas para compreender o comportamento humano em escala global.
De acordo com o estudo “Explorando Grandes Corpos Digitais para o Estudo do Comportamento Humano” (na tradução literal do inglês), aproximadamente 5,3 bilhões de pessoas, ou 66% da população mundial, têm acesso à internet, vivendo em uma era em que a informação ultrapassa fronteiras temporais e espaciais, mantendo o mundo conectado por meio de um intenso fluxo de informações. A internet se tornou um componente fundamental da sociedade contemporânea, impactando diversas áreas e oferecendo oportunidades para novas perspectivas de pesquisa.
O amplo acesso à Internet permitiu a busca e o armazenamento de informações em diversos meios digitais, formando grandes conjuntos de dados conhecidos como corpora digitais. Esses corpora consistem em coleções de itens, como páginas da Internet, livros digitalizados e postagens em redes sociais, que podem gerar dados estruturados, representando repositórios de conhecimento e evidências da cultura humana.
Essas informações proporcionam oportunidades para investigações científicas que buscam compreender o comportamento humano em grande escala, alcançando indivíduos que normalmente seriam de difícil acesso para pesquisas convencionais. A pesquisa com dados digitais, que abrange diferentes sociedades, ajuda a reduzir vieses nos estudos comportamentais humanos, frequentemente realizados em sociedades ocidentais e desenvolvidas.
Uma forma de contornar essa limitação é por meio da criação de métodos e ferramentas que medem a distância psicológica intercultural entre diferentes populações em sociedades ocidentais, permitindo generalizações mais amplas. No entanto, até então, não existia uma maneira abrangente de acessar todas as variedades sociais e culturais ao redor do mundo. É nesse ponto que entram as ferramentas culturômicas, que se dedicam à coleta e análise quantitativa de grandes corpora de dados digitais para o estudo da cultura humana.
Essas ferramentas têm sido utilizadas para explorar tendências e padrões que refletem o comportamento humano em ambientes virtuais. Estudos têm demonstrado o potencial dos corpora digitais para compreender diversos fenômenos relacionados ao comportamento humano.
Internet e a análise culturômica nas redes e na imprensa
Por exemplo, dados de localização de telefones celulares contribuem para a compreensão de padrões de mobilidade urbana e suas relações com dinâmicas sociais e de saúde. Redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram e Sina Weibo podem ser utilizadas para identificar características psicológicas e traços conhecidos como Big Five.
Notícias da imprensa local ao redor do mundo podem prever questões sociopolíticas em diferentes países. E sites de relacionamento podem ajudar a identificar as preferências humanas na busca por parceiros românticos.
Enfim, a abordagem culturômica do comportamento humano (culturomics of human behavior – CHB) analisa grandes conjuntos de dados culturais, especialmente dados de mídias sociais, para compreender o comportamento humano em escala global. Embora tenha semelhanças com outras disciplinas, a CHB é um campo distinto com suas próprias características e metodologias, merecendo ser estudada de forma independente.
*ASCOM UFPE
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