Estudo investigou a percepção das doenças pelos agricultores que vivem na região semiárida do Nordeste do Brasil e as estratégias adaptativas desenvolvidas e utilizadas localmente
Autores
Elcida de Lima Araújo
Henrique Fernandes Magalhães
Ivanilda Soares Feitosa
Ulysses Paulino Albuquerque
Instituições envolvidas
Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza, Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Brazil
Laboratório de Ecologia e Evolução de Sistemas Socioecológicos, Departamento de Botânica, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brazil
As pessoas que vivem em áreas vulneráveis a doenças causadas por eventos extremos de alterações climáticas, como as regiões semiáridas, tendem a reconhecê-las rapidamente e, consequentemente, a desenvolver estratégias para lidar com os seus efeitos. Nosso estudo investigou a percepção das doenças pelos agricultores que vivem na região semiárida do Nordeste do Brasil e as estratégias adaptativas desenvolvidas e utilizadas localmente.
Para tanto, foi testado o efeito da incidência e gravidade das doenças percebidas localmente na frequência das respostas adaptativas adotadas pelos agricultores. A pesquisa foi realizada em comunidades rurais do Estado de Pernambuco, Região Nordeste do Brasil.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 143 agricultores para recolher informações sobre grandes eventos de seca e precipitação, as doenças percebidas relacionadas com estes eventos e as estratégias adaptativas desenvolvidas para mitigá-los. A incidência e gravidade das doenças percebidas pelos agricultores foram calculadas utilizando o método de Mapeamento Participativo de Riscos e a frequência de estratégias adaptativas.
As nossas descobertas demonstraram que poucas doenças relacionadas com as alterações climáticas foram frequentemente mencionadas pelos agricultores, indicando baixas taxas de incidência. Dentre elas, as doenças de transmissão direta foram as mais citadas. Estratégias adaptativas para lidar com as doenças citadas relacionadas ao comportamento profilático foram menos citadas, exceto se já utilizadas. Nosso modelo demonstrou que a incidência foi a única variável explicativa com impacto significativo nas estratégias adaptativas utilizadas para lidar com os efeitos desses riscos na saúde.
Nossos resultados sugerem que a incidência estimada de doenças deve ser considerada no desenvolvimento de modelos preditivos de mudanças climáticas para medidas de políticas governamentais para a segurança da saúde pública de populações em áreas de maior vulnerabilidade socioambiental.
LEIA O ARTIGO COMPLETO (em inglês):
Farmers’ Perceptions of the Effects of Extreme Environmental Changes on Their Health: A Study in the Semiarid Region of Northeastern Brazil
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fenvs.2021.735595/full
Conteúdos relacionados
G20 é responsável por 80% dos gases de efeito estufa do mundo, e países seguem…
Seis anos após o início do experimento, o estudo identificou quase 3 mil novas plantas;…
Países membros da ONU devem submeter suas novas metas climáticas para os próximos dez anos…
Segundo pesquisa da USP, diferença de temperatura entre zona urbana e rural da Grande São…
O aumento global das temperaturas ameaça ecossistemas vitais, como a Amazônia, e pode impactar negativamente…
Dos 35 sinais usados para monitorar efeitos das mudanças climáticas no planeta, como temperatura média…