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“Mudanças Climáticas: A Terra daqui a 100 anos”, com Frederico Brandini

Os oceanos são peça-chave no controle do aquecimento global e absorvem grande parte do excesso de gás carbônico que o homem joga na atmosfera — caso contrário, a situação climática do planeta já estaria bem pior. Mas essa capacidade está chegando ao fim. “Os oceanos estão no seu limite”, alerta o pesquisador Frederico Brandini, diretor do Instituto Oceanográfico da USP. Não só pelo excesso de gás carbônico (que altera o pH da água do mar), mas também pelo excesso de pesca, poluição e todas as “outras porcarias” que o homem joga no mar.

Brandini foi um dos palestrantes da oitava edição do USP Talks, que abordou o tema “Mudanças Climáticas: A Terra daqui a 100 anos”, que ocorreu em agosto de 2017.

Assista ao vídeo e confira trecho transcrito da palestra de Frederico Brandini.

O meu discurso será dividido em duas partes, a primeira será para explicar o papel crucial do homem na produção de oxigénio. Para ilustrar este papel, vou utilizar uma narrativa simples, que espero que seja compreensível para todos. Imaginem que vocês têm uma garrafinha que compraram na amazon.com, um microcosmos que contém água, ar, uma planta aquática e um camarão.

Este pequeno ecossistema funciona de forma isolada e, quando exposto à luz, a planta inicia o processo de fotossíntese, convertendo o carbono do ar em oxigénio. Este oxigénio é liberado para a água, onde é utilizado pelos organismos presentes no ecossistema. Os elementos químicos, incluindo o carbono, circulam no interior deste sistema, sem retornar ao ambiente externo.

Este pequeno ecossistema ilustra a importância do papel dos produtores primários, como as plantas terrestres e as microalgas nos oceanos, na produção de oxigénio e na absorção de carbono. As plantas terrestres fazem parte da biodiversidade terrestre e desempenham um papel fundamental na captura de carbono. Já as microalgas nos oceanos, apesar de serem seres unicelulares, absorvem uma grande quantidade de carbono, contribuindo para a regulação do ciclo do carbono.

Além disso, os oceanos têm uma outra importância no equilíbrio do carbono na Terra, atuando como uma “bomba biológica” e uma “bomba de solubilidade”. A “bomba biológica” refere-se à capacidade dos organismos marinhos em capturar o carbono e Armazená-lo nas camadas mais profundas dos oceanos. Já a “bomba de solubilidade” está relacionada com a capacidade dos oceanos em absorver o excesso de carbono da atmosfera, contribuindo para a regulação do clima.

No entanto, as mudanças climáticas estão afetando negativamente os oceanos, provocando a acidificação das águas e a contaminação química. A acidificação dos oceanos é causada pela absorção do dióxido de carbono da atmosfera, o que reduz o pH da água e afeta a vida marinha, principalmente os organismos que dependem do carbonato de cálcio, como os corais. Além disso, a contaminação química dos oceanos, causada pelo despejo de substâncias como medicamentos e hormônios, está ameaçando a saúde dos ecossistemas marinhos e das populações que dependem dos recursos marinhos para subsistência.

É crucial que tomemos medidas para reduzir as emissões de carbono e mitigar os efeitos das mudanças climáticas nos oceanos. A conscientização sobre o papel dos oceanos na regulação do clima e na produção de oxigénio é fundamental para garantir a saúde e a sustentabilidade do nosso planeta. A ação individual e coletiva é necessária para preservar os oceanos e garantir um futuro saudável para as gerações futuras.

Espero que esta explicação tenha sido clara e que tenham compreendido a importância dos oceanos no contexto das mudanças climáticas. Obrigado.

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Luna

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