Sindemia Global: o impacto das mudanças climáticas antropogênicas na saúde e nutrição de crianças menores de cinco anos atendidas pelo SUS
RESUMO
As relações entre produção e consumo de alimentos, os chamados sistemas alimentares, vêm sendo apontados como principais impulsionadores da sindemia global de obesidade, desnutrição e mudanças climáticas, configurando-se o principal desafio para os seres humanos no século XXI, de acordo com o relatório da Comissão de Obesidade do The Lancet (Swinburn et al. 2019).
No Brasil, já temos evidências desse desafio quando mais de 60% da população tem excesso de peso e mais de 10 milhões de pessoas estão expostas à insegurança alimentar grave (IBGE, 2018). Ao mesmo tempo, a produção de alimentos é responsável por cerca de 70% dos gases de efeito estufa emitidos no país (Azevedo et al. 2018).
Essas três pandemias (obesidade, desnutrição e mudanças climáticas) estão inter-relacionadas, uma vez que as mudanças climáticas impactam a saúde das pessoas, a segurança alimentar e nutricional, desnutrição e obesidade, especialmente em populações mais vulneráveis, como as crianças.
Eventos climáticos extremos podem promover perda ou redução na produção de alimentos como frutas, verduras e legumes, o que pode levar à redução do consumo desses alimentos e ao aumento do consumo de ultraprocessados como substitutos, impactando negativamente nos níveis de desnutrição e obesidade (Swinburn et al. 2019).
No Brasil, 7% das crianças menores de cinco anos têm baixa altura para idade e 5% têm peso elevado para idade (ENANI, 2019), índices considerados não ideais pela OMS (OMS, 2023). Entretanto, pouco se sabe da relação desses indicadores antropométricos com fatores ambientais, como as mudanças climáticas locais.
Objetivos
Avaliar o impacto das mudanças climáticas antropogênicas na saúde e nutrição de crianças brasileiras menores de cinco anos acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do SUS, usando metodologias de sistemas complexos.
Metodologia
A partir de uma revisão bibliográfica será construído um modelo conceitual com os principais agentes e relações entre eles, além de outros parâmetros de interesse. Serão utilizadas análise de redes e modelagem baseada em agentes, que ajudam a entender e predizer comportamentos do sistema e de seus agentes sob diversas condições.
Serão utilizadas as bases de dados públicas de saúde e clima dos municípios já disponíveis em sites públicos. O linkage das bases de dados será feito pelo código do IBGE do município.
COORDENAÇÃO: Profa. Dra Aline Martins de Carvalho, Financiamento: CNPq
Conteúdo relacionado
Professor da UFPE coordena pesquisa nacional sobre mudanças climáticas
G20 é responsável por 80% dos gases de efeito estufa do mundo, e países seguem…
Seis anos após o início do experimento, o estudo identificou quase 3 mil novas plantas;…
Países membros da ONU devem submeter suas novas metas climáticas para os próximos dez anos…
Segundo pesquisa da USP, diferença de temperatura entre zona urbana e rural da Grande São…
O aumento global das temperaturas ameaça ecossistemas vitais, como a Amazônia, e pode impactar negativamente…
Dos 35 sinais usados para monitorar efeitos das mudanças climáticas no planeta, como temperatura média…